domingo, 31 de março de 2019

O aniversário do golpe militar de 1964.

Em 31 de março de 1964, os militares brasileiros derrubaram um governo constituído e instituindo um governo de exceção. Calaram voz de todos. Debates políticos e projetos foram proibidos, ideais suspensas e quem se atrevesse a tentar o contrário estava sujeito à prisão, tortura, deportação ou até mesmo... à morte. Todos deveriam seguir a doutrina dos golpistas. 

Mesmo assim, muitos tem saudade, mesmo os que sequer tenham vivido nessa época, e querem, hoje, festejar a data. Mas, festejar o que?

Entre 1964 e 1985, o país viveu sob uma ditadura e caracterizou-se principalmente, pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contrários o regime militar. 

Contexto histórico e o golpe militar de 1964

A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart, que assumiu a presidência num clima político adverso. O governo de João Goulart (1961-1964) foi marcado pela abertura às organizações sociais. Estudantes, organizações populares e trabalhadores ganharam espaço, causando a preocupação das classes conservadoras como, por exemplo, os empresários, banqueiros, Igreja Católica, militares e classe média. Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado socialista. Vale lembrar que, nesse período, o mundo vivia o auge da Guerra Fria (disputa política, militar, tecnológica e econômica entre os EUA capitalista e a URSS socialista).

Este estilo populista e de esquerda, chegou a gerar até mesmo preocupação nos EUA, que junto com as classes conservadoras brasileiras, temiam um golpe comunista.

Os partidos de oposição, como a União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Social Democrático (PSD), acusavam Jango de estar planejando um golpe de esquerda e de ser o responsável pela carestia e pelo desabastecimento que o Brasil enfrentava.

No dia 13 de março de 1964, João Goulart realizou um grande comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro), onde defendeu as Reformas de Base. Neste plano, Jango prometeu mudanças radicais na estrutura agrária, econômica e educacional do país.

Seis dias depois, em 19 de março, os conservadores organizaram uma manifestação contra as intenções de João Goulart. Foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu milhares de pessoas pelas ruas do centro da cidade de São Paulo.

O clima de crise política e as tensões sociais aumentavam a cada dia. Os grandes órgãos de imprensa começaram a pedir a saída de João Goulart do poder, aumentando ainda mais a pressão sobre o governo.

No dia 31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais e São Paulo saíram às ruas. Para evitar uma guerra civil, Jango deixou o país, refugiando-se no Uruguai. Os militares tomaram o poder e deram início ao regime militar. Em 9 de abril, foi decretado o Ato Institucional Número 1 (AI-1). Este Ato cassou mandatos políticos de opositores ao regime militar e tirou a estabilidade de funcionários públicos.

Com o regime militar professores, jornalistas e intelectuais brasileiros contrários ao golpe foram presos, torturados, ameaçados, expulsos e impedidos de difundir o conhecimento.
Alguns foram presos, espancados torturados física e psicologicamente, outros morreram dentro dos porões da ditadura. Alguns foram exilados, outros se auto exilaram. Alguns preferiram viver na clandestinidade lutando para derrubar o regime militar instaurado em 1964.
Universidades foram invadidas por tropas e pela policia. Equipamentos foram apreendidos e danificados. Fichários provas de alunos, históricos escolares foram destruídos e vandalizados.
A censura na rádio e na TV começou a se mostrar em todo o território nacional.
O presidente militar no congresso vazio.
Quando os militares tomaram o poder, algumas pessoas pensavam que aquela situação seria passageira. No entanto, ele veio com as mesmas características dos demais, ou seja, foi feito na "calada" da madrugada. Quando a população acordou os militares já estavam no poder. E levamos longos vinte e um anos para retomar a democracia.
De acordo com integrantes do alto escalão das forças armadas do Brasil, o país corria um sério risco, no início de 1964, de convulsões sociais e até mesmo de uma revolução, que poderia abrir caminho para a implantação do regime socialista no Brasil. Alguns historiadores e analistas políticos afirmam que essa justificativa não encontra respaldo nos fatos, pois não era a intenção de Jango dar um golpe e levar o Brasil para o lado da União Soviética. Outros historiadores e analistas dizem que havia sim uma tendência de esquerda no governo de Jango, em função da aproximação dele com os movimentos sociais e sindicatos, que estavam se fortalecendo. Também havia, de acordo com esses pesquisadores, grupos organizados com grande simpatia pelo regime socialista e que poderiam, num momento de crise, tentar uma revolução de caráter socialista, através da luta armada, como aquele ocorrido em Cuba no ano de 1959.

As controvérsias e debates continuam até os dias de hoje. Muitos foram e ainda são contrários a entrada e permanência dos militares no poder, em função, principalmente, das restrições democráticas, censura e excessos de força no combate aos opositores. Por outro lado, outros afirmam que teria sido muito pior se os militares não tivessem assumido o poder, pois poderia ter ocorrido no Brasil uma revolução socialista com consequências muito negativas para o país. Neste segundo caso, acreditam que uma ditadura socialista, a exemplo da União Soviética e Cuba, poderia ter gerado a eliminação em massa de opositores políticos e um governo ditatorial muito mais repressor do que o ocorrido no Brasil entre 1964 e 1985.

Defensores do regime militar argumentam também que, a violência utilizada, em muitos casos, contra os opositores do governo militar foi necessária. Segundo eles, os grupos armados não lutavam pela democracia, mas sim pela instalação, no Brasil, de uma ditadura de esquerda, pois estavam alinhados ideologicamente com o socialismo cubano e soviético. Afirmam também que, muitos desses opositores praticavam sequestros, roubos e portavam armamentos. Logo, deveriam ser combatidos com força pelos militares.

Maluf foi um dos "agraciados" pelos militares.
Os péssimos índices de desenvovi-mento social eram uma característica do governo militar. E uma das descul-pas que seus defensores usam - de que os militares não roubaram e por tanto, não houve corrupção - cai por terra quando lembramos de todos os grandes ladrões que tivemos no poder (ou próximo): Maluf, ACM, Sarney, Collor de Mello, Edison Lobão, Olavo Setúbal, Mário Henrique Simonsen e muitos outros, se criaram e enriqueceram sob as benesses dos militares. 

Mesmo assim, hoje, o presidente Bolsonaro quer que as Forças Armadas brasileiras celebrem o 31 de março, dia que marca o golpe de 1964, que abriu as portas do movimento repressivo. O mesmo não acontece com países vizinhos ao Brasil, que também passaram por ditaduras militares e, por isso, rejeitam todo e qualquer festejo ao golpismo e à repressão.  

E você, festeja ou se sente envergonhado pela data? 

Comissão da Verdade responsabilizou 377 criminosos por crimes durante a ditadura.







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